quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Conforto vs. Descuido (parte I)

Há dias, a propósito de um post feito no Facebook pela autora do Eu, Tu e os Meus Sapatos sobre o aspecto descuidado que predominava na massa feminina com a qual a rapariga se cruzara nessa manhã, deu-me vontade de escrever sobre o assunto. Concordo com ela a 100%! É triste ver que, em centenas de pessoas (não falo de mulheres em particular) com as quais nos cruzamos diariamente, é difícil encontrar alguém com “boa pinta”, com um ar feliz e saudável, arranjado com simplicidade mas com gosto...

Escusado será dizer que foi bombardeada com acusações do estilo “há pessoas a morrer a fome, como é que vão pensar no que vão vestir?” ou “vives uma realidade privilegiada, por isso consideras andar arranjado importante/achas que toda a gente se pode arranjar como tu!” e por aí a baixo... Também houve alguns “eu gosto de andar quente e confortável, serei descuidada por isso?!”.

Sobre o primeiro grupo de comentários:

1) O aspecto de cada um não é avaliado exclusivamente nos círculos privilegiados. Todos julgamos e todos somos julgados pela embalagem! E, sem dúvida, esse facto vai abrir, ou fechar, muitas portas a toda a gente ao longo da vida.

2) Salvo em casos de pobreza extrema, todas as pessoas têm a oportunidade de escolher a sua roupa e vão às compras, mesmo que não o façam com a frequência que desejariam.

Sendo que hoje em dia existem cada vez mais opções actuais, variedade de tamanhos, roupa para agradar a todos os estilos, cremes, maquilhagem e afins a preços mais acessíveis, a par com cada vez mais informação em revistas, sites e blogues, repletos de dicas, truques para poupar tempo nas rotinas de beleza, imagens a servir de inspiração, frases motivadoras... Deveríamos cruzar-nos com cada vez mais pessoas com bom ar, daquelas que dá gosto ver, com estilo, que também nos inspiram...mas não.



Posto isto, fico com a sensação de que a maior parte destas pessoas, e agora vou referir-me às mulheres em particular, anda cansada, desanimada, deprimida, quiçá! Não acredito que não gostem de se arranjar, que odeiem roupa, que não suportem uma ida ao cabeleireiro ou que detestem uma maquilhagem que as deixe mais bonitas. Simplesmente, acho que lhes é exigido demais: trabalho, casa, filhos, sabe Deus o que mais... Certamente sem a ajuda dos companheiros ou maridos. Assim não há paciência nem tempo para o que quer que seja em prol de si próprias! É aqui que a questão se torna mais séria: as mulheres não devem permitir que se continue a perpetuar esta ideia instituída de que temos de fazer tudo e que cuidar de nós é secundário. Imagino que muitas de nós se sintam mal ao deixar a cozinha por arrumar para se maquilharem antes de sair. Há mais gente em casa, não há?! Hello... 
Eu sei que isto não é fácil de mudar, que é tema delicado... Mas ponho as mãos no fogo em como por trás desta negligência, mais do que a carência financeira, está a anulação destas mulheres que se sentem na obrigação de carregar o mundo às costas. 

É fácil assumir que quem tem mais dinheiro pode comprar mais e ter sempre um óptimo aspecto, mas talvez seja mais porque o dinheiro permite ter empregados, pagar a quem faça as coisas chatas e ficar com mais tempo livre para investir em si. Sinceramente, acho mesmo que o que falta à maioria das mulheres é tempo exclusivamente seu!

Sobre o segundo grupo de comentários fica para amanhã. Vão ver que há maneiras de estar confortável, quente e gira sem um grande orçamento... ;)

Ana.

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